Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade infantil é um dos problemas de saúde pública mais graves do Século XXI. Segundo a OMS, a projeção é que até 2025 existam 700 milhões de pessoas acima do peso ou obesas em todo o mundo. O número se torna mais alarmante quando consideramos a obesidade infantil: hoje, 41 milhões de crianças convivem com a doença em todo o mundo. Em seis anos, esse número deve subir para 71 milhões, ainda segundo a OMS.
A data da Conscientização contra a Obesidade Mórbida Infantil é celebrada anualmente no dia 3 de junho e é uma forma de chamar a atenção da população sobre os cuidados necessários para combater essa doença. A obesidade é uma doença crônica caracterizada pelo excesso de peso e costuma ser causada pela associação de fatores genéticos, ambientais e comportamentais. A obesidade infantil é caracterizada pelo acúmulo de gordura em crianças.
A nutricionista e professora da Florence Wyllyane Rayana aponta que a obesidade é sabidamente um problema de saúde pública em todo o mundo e apresenta um aumento exponencial da sua prevalência nos últimos anos. “Em um mundo obesogênico, ou seja, onde existem fatores que culminam para facilitar o surgimento da doença, ter um dia em que seja debatido e discutido o impacto que essa doença traz especialmente em populações bem jovens é de grande relevância. Se faz necessário e urgente”, afirma.
Entre essas doenças, a docente cita a hipertensão arterial sistêmica, mais conhecida como pressão alta, caracterizada pelos níveis elevados da pressão sanguínea nas artérias e um dos principais fatores de risco para a ocorrência de acidente vascular encefálico, infarto, aneurisma arterial e insuficiência renal e cardíaca. “A obesidade é uma doença multifatorial associada a várias outras doenças crônicas e efeitos metabólicos no corpo. Na infância, a obesidade não se apresenta diferente. Essa criança pode apresentar resistência à insulina, alterações das taxas de lipídios (gordura) no sangue, disfunções e inflamações em vários órgãos, como rim, fígado e intestino. Pressão arterial comprometida. Entre outros”, explica.
Segundo a professora, de cada 10 adolescentes obesos, 8 se tornarão adultos também obesos. “Uma criança obesa passa a apresentar um contingente de células adiposas de forma precoce, e a gordura é um metabólito que se armazena de maneira ilimitada e de difícil oxidação (perda). Quanto mais cedo estivermos com esse excesso de gordura no corpo, mais impactos precocemente no corpo podemos apresentar e dificuldades de perder peso mesmo muito jovem, quando dietas restritivas são ainda mais perigosas”, comenta.
De acordo com a professora Wyllyane Rayana, é importante enfatizar não só a qualidade dos alimentos que fazem parte da sua dieta diária, mas também observar comportamentos relacionados à alimentação, desencorajando práticas de dar doces como forma de recompensa, ou fazer da comida uma moeda de troca em negociações com a criança. O investimento deve ser feito na educação nutricional e prática de exercícios físicos dessa criança. Buscar um profissional é sempre importante.
“A família, além de buscar um nutricionista para alinhar as condutas individuais a cada criança, deverá também ser espelho de hábitos alimentares e de vida saudáveis para melhor enfrentamento da doença na infância. Então não basta falar para a criança sobre condutas de alimentação equilibrada se os cuidadores não exercem essa prática”, destaca.
Dicas
A dica que a especialista passa para as famílias que vivem essa realidade é de que elas devem estar envolvidas na mudança dos hábitos alimentares e do cotidiano familiar. Tornar os horários das refeições experiências prazerosas, criar o hábito de atividade física diária com ênfase no componente lúdico e limitar tempo de tela.
“Em casa, mudanças de hábitos são cruciais, como: aumentar o consumo de frutas, legumes e verduras; preparar receitas em casa usando alimentos mais saudáveis; comer em família e em intervalos adequados, com isso não expor o corpo a tantas horas sem alimentá-lo; evitar consumo de fast food, refrigerantes, hambúrgueres e batata frita. A obesidade é uma doença crônica e as mudanças e abordagens feitas com sucesso na faixa etária pediátrica trarão benefícios duradouros que terão impacto para evitar esse problema na vida adulta”, declara.
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