Em meio à campanha para a sucessão no Conselho Regional de Enfermagem no Maranhão, o nome do enfermeiro Luís Fernando Bogéa Pereira ganhou consistência e, agora, representa uma unanimidade entre os membros da Chapa 2 para a presidência do COREN-MA, nas eleições marcadas para o próximo dia 11 de setembro. No âmbito dos profissionais da Enfermagem, Luís Fernando tem excelente trânsito por conta de uma trajetória bem sucedida como enfermeiro, na gestão de serviços de saúde e como militante engajado nas lutas da categoria. Em entrevista ao Jornal Pequeno, ele faz um relato das experiências ao longo dos seus 37 anos, experiências essas fundamentais para a consolidação de uma imagem e de um conceito positivos perante a sociedade maranhense e, em especial, junto à categoria.
Jornal Pequeno – Antes mesmo de iniciar a sua vida profissional, o senhor teve uma militância marcante nos movimentos e pastorais sociais. Isso foi determinante na sua carreira profissional?
Luís Fernando Bogéa – A influência religiosa herdada da família e do Colégio Arariense teve papel preponderante na minha participação nas pastorais da Igreja, assim como nos movimentos sociais. Nesse contexto, a cada dia eu assumia com mais convicção a tarefa de lutador voluntário e consciente, tornando-me mais sensível às causas sociais, inquieto com tantos problemas e mazelas que afligem o nosso povo.
Neste sentido paralelamente aos meus estudos em Arari, participava ativamente da Pastoral da Criança, ao lado das Irmãs Franciscanas de Reute, fato que suscitou o desejo de aperfeiçoar-me no ato de cuidar da saúde dos menos favorecidos, tendo a oportunidade de sentir de perto o sofrimento e as dificuldades das pessoas. Ali, assumia o papel de líder comunitário, desempenhando a função de acompanhar e orientar as famílias ararienses. Isso deu substância à escolha da Enfermagem como instrumento de luta em favor da vida.
JP – E como se deu o seu itinerário formativo?
LFB – Em 1995, conclui o curso de Habilitação Profissional de Magistério de 1º Grau. No ano seguinte, depois de aprovado em processo seletivo, fiz intensivamente, entre fevereiro e dezembro, o curso de Auxiliar de Enfermagem da Escola de Auxiliar de Enfermagem São Francisco de Assis. Em janeiro de 1997, ingressei na Universidade Estadual do Maranhão no curso de Enfermagem e Obstetrícia. Com o transcorrer do curso, fortaleceu-se minha vocação pela área escolhida. Em 2001, após concluir o curso, ingressei no Instituto Florence de Ensino, onde passei a exercer a função de Coordenador de Estágio, responsável técnico, além de professor. Nesse mesmo ano, fui contratado pela Secretaria Municipal de Saúde de Tuntum, onde exerci as funções de Enfermeiro do PSF, coordenando tanto o Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM), quanto a Unidade Básica de Saúde Maria Amor do Céu até o ano de 2004. Essas atividades me permitiram somar experiências no campo da educação e da saúde, exigindo estratégias que unissem a efetivação dessas duas políticas para a melhoria das condições de vida das pessoas da comunidade onde atuava.
JP – O senhor já foi testado em cargos diretivos de relevo na área da saúde. Fale um pouco sobre isso.
LFB – No mês de dezembro de 2004, assumi o cargo de Secretário Municipal de Saúde de Arari, sendo também Diretor da Unidade Mista Jorge Oliveira. Mesmo diante de algumas dificuldades, tive a oportunidade de lutar pela efetivação das políticas de saúde, priorizando a rede básica como essencial para a reorientação do modelo de atenção à saúde, ampliando a estratégia de Saúde da Família, por entender que educar em saúde é o caminho para o alcance de uma população mais saudável; além de desenvolver projetos de educação na área da Saúde. Em 2006, ingressei na Secretaria Municipal de Saúde de Barreirinhas, como enfermeiro do PSF. Um dos maiores orgulhos que tenho na minha vida profissional foi ter sido Coordenador do PROFAE, o maior programa de formação de recursos humanos da América Latina na área da Enfermagem, atuando em 67 municípios no Estado do Maranhão, criando condições para o ensino qualificado na nossa área. No início de 2007, assumi a coordenação de Estágio do curso Superior de Enfermagem do Instituto Florence de Ensino Superior.
JP – Que caminhos o senhor seguiu após haver terminado o curso superior?
LFB – Em 2004, concluí o curso de Especialização em Formação Pedagógica em Educação Profissional na área da saúde: Enfermagem, pela UFMA/ENSP/FIOCRUZ. Em 2006, foi a vez do curso de especialização em Saúde da Família, pela UFMA; e em 2009 concluí o curso de especialização em Formação Pedagógica com ênfase na Educação Profissional e no Ensino Superior. Atualmente sou membro do grupo de Pesquisa de Doenças Tropicais, coordenado pela professora Drª. Arlene Mendes Caldas, e sou monitor de uma pesquisa multicentro intitulada “A eficácia do tratamento para leishmaniose”, também coordenada pela professora Drª. Arlene Mendes Caldas, da Universidade Federal do Maranhão. Coordeno, ainda, o Curso de graduação em Enfermagem do Instituto Florence de Ensino Superior.
JP – Professor, a Enfermagem maranhense vai às urnas no próximo dia 11 de setembro, a fim de escolher os seus representantes. Como o senhor analisa esse processo?
LFB – Acho extremamente salutar para a democracia que haja duas chapas concorrentes, uma vez que a diversidade leva à pluralidade de opiniões, permite o debate de idéias, que esclarece a categoria sobre quem é quem entre aqueles que pleiteiam representá-la à frente do Conselho Regional de Enfermagem. Contudo, lamento que membros da chapa adversária tenham perdido a real dimensão da disputa civilizada, partindo para o discurso rasteiro, populista e atrasado, indo na contramão de todo o movimento de valorização da categoria. Inclusive quero manifestar que fiquei muito desapontado com a ausência absoluta de intervenções da chapa concorrente no momento em que foi aberto um espaço excelente para debater as grandes lutas da categoria. O que se quer, na verdade, é um debate sério para que se resolvam graves problemas, entre os quais profissionais dormindo no chão, sobre papelão, embaixo dos balcões dos postos de enfermagem, submetidos a jornadas exaustivas de trabalho, correndo de um emprego para outro para sobreviver, com baixíssimos salários, vários deles há meses sem receber sua remuneração e seus direitos trabalhistas. Tudo isso compromete a assistência à população.
JP – O senhor tocou na questão da valorização dos profissionais da enfermagem. O movimento cresceu substancialmente, não é mesmo?
LFB – É verdade. Com muito trabalho e dedicação conseguimos levar para a Assembléia Legislativa mais de três mil profissionais, mostrando que a nossa categoria quer ter vez e voz. Os deputados que participaram da audiência pública sentiram a força do movimento e assumiram o compromisso de lutar pelo piso salarial e pela jornada de 30 horas semanais. Nesse sentido, convém ressaltar o empenho decisivo da enfermeira e deputada estadual Valéria Macedo, autora do projeto de lei 159/2011, que trata dessas duas reivindicações. Após a nossa vitória, uma das principais metas é acompanhar efetivamente os parlamentares para que haja a concretização da aprovação da matéria. Isso queremos realizar em sintonia com o Sindicato dos Enfermeiros, o SINPEEES e Associação Brasileira de Enfermagem, seção Maranhão, ampliando o debate.
JP – O seu nome é um dos mais evidenciados quando se fala na escolha do presidente do COREN-MA. Se chamado a assumir esse imenso desafio
, o senhor sente-se plenamente apto a encará-lo?
LFB – Realmente, isso é verdade, e tem sido um imenso orgulho para mim contar com esse apoio e reconhecimento dos colegas. Acredito que os tantos desafios assumidos ao longo da vida me fazem hoje um profissional preparado para, junto com os companheiros da chapa e num diálogo aberto e permanente com os profissionais de Enfermagem, honrar e dignificar o exercício da gestão do nosso Conselho. Tenho certeza que, como os outros membros da Chapa, e, em se confirmando esse apoio da Plenária para assumir a presidência, exerceremos com brilhantismo um mandato amplamente democrático que a categoria merece, trazendo para a agenda do Conselho os novos anseios e demandas da classe, consolidando um órgão cada vez mais forte.
Entrevista do Enfermeiro Luís Fernando Bogéa Pereira, concedida ao Jornal Pequeno no dia 04 de setembro de 2011.